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Significado de Tiago 1:13-15

O fracasso na vida do crente começa com um desejo maligno e termina em morte.

A seguir, Tiago explica o passo a passo do que acontece diante de uma provação quando, ao invés de nos alegrarmos, agirmos em sabedoria e obediência aos caminhos de Deus, seguimos aos desejos internos da nossa carne e fazemos escolhas contrárias à vontade de Deus. Tiago inicia estabelecendo o fato de que Deus não é a fonte das nossas tentações ou dos nossos pecados.

Ao lermos o livro de Tiago, é importante lembrar que o apóstolo está se dirigindo aos crentes. Portanto, ao discutirmos a tentação e a morte, devemos apreciar o fato de que ele está falando a crentes sobre as consequências de suas decisões. Quando nos tornamos filhos de Deus, temos uma vasta jornada pela frente. No entanto, resta saber se abraçaremos ou não tudo o que Deus tem para nós e se receberemos a recompensa de nos tornar reis-servos em Sua administração vindoura (Apocalipse 3:21).

Tiago nos diz que o cristão que não suporta as provações pode experimentar uma forma de morte. A palavra “morte” significa separação, como quando o espírito se separa do corpo na morte física. Quando nós, como crentes, fazemos escolhas ruins, essas escolhas nos separam de muitas coisas, incluindo das grandes bênçãos de suportar as provações com alegria e sabedoria (Tiago 1:12).

Tiago afirma: "Ninguém diga quando for tentado: "Estou sendo tentado por Deus", pois Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo não tenta ninguém.

Deus não pode ser tentado pelo mal, o que significa que não há nada em Sua natureza que seja atraída pelo mal. No argumento de Tiago, Deus não pode ser a fonte de nossa tentação porque Ele não tem meios de realizar o mal. Como Ele não realiza o mal, Ele mesmo não tenta a ninguém.

Tentar levar alguém a realizar o mal é, em si, o próprio mal. Isto nos leva a enxergar o contraste entre Deus ou Satanás como fonte de nossas tentações. Embora Satanás seja certamente a fonte de muitas tentações (Gênesis 3:1-7; Lucas 4:2), Tiago nos diz que a fonte do nosso pecado está em nossos próprios desejos malignos (cobiça). Tiago afirma que cada um é tentado quando é levado e seduzido por sua própria cobiça. Nos versículos 2-11, Tiago nos mostra que todas as circunstâncias são provações. Ao mesmo tempo, todas as circunstâncias também são oportunidades para nos alegrar. Tudo vai depender da perspectiva que adotamos diante das circunstâncias.

Da mesma forma, não é a circunstância quem nos tenta. Em vez disso, é a perspectiva que escolhemos sobre a circunstância, bem como a ação que tomamos como resultado da circunstância. A tentação vem de dentro de nós. Somos seduzidos pela nossa própria cobiça. Podemos optar por adotar uma perspectiva que nos leve a nos alegrar com as dificuldades. Também podemos optar por adotar uma perspectiva que nos leve a ser seduzidos por nossa cobiça quando acreditamos na mentira de que segui-la nos levará a benefícios.

Tiago usa uma cadeia de eventos como explicação e advertência ao crente. A cadeia começa no desejo, passa para o pecado e depois para a morte: Então, a cobiça, havendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Esta sequência é uma questão de causa-efeito. Nossas escolhas geram consequências. Se escolhermos nos alegrar em todas as circunstâncias e andar em fé, confiando na promessa de Deus de nos recompensar, seremos abençoados. Se, ao contrário, escolhermos uma perspectiva que lidar com as circunstâncias como oportunidades para alcançarmos recompensas carnais e buscarmos as recompensas do mundo, colheremos o fruto do mundo, que é a morte (Romanos 6:23).

Ao apontar a morte como o resultado final, ou seja, a consequência natural de seguirmos à cobiça, veremos que a prioridade é lidar corretamente com o início do processo, o próprio desejo do mal. É aí que o nosso poder de escolha é mais impactante. Tiago deseja que sejamos abençoados e alcancemos a grande recompensa/consequência da vida (Tiago 1:12). A outra opção é buscarmos aos prazeres sensuais, que produzirão recompensas/consequências de morte (Tiago 1:15).

Tiago pinta um quadro da gravidez (a cobiça concebe), do nascimento (dá à luz o pecado) e a vida da criança (quando o pecado é realizado). Nossos desejos podem ser bons (Hebreus 13:18) ou maus (Romanos 3:23; 1 João 1:8). Neste caso, Tiago lida com a escolha de buscarmos o pecado com base em nossa própria cobiça. Nossa escolha pelo pecado é descrita como a concepção de uma criança. Esta criança é o pecado. Conceber uma criança é algo inicialmente invisível aos espectadores. A gestante pode sentir a diferença. Mas, se desejar, pode esconder a gravidez dos espectadores por algum tempo. De maneira semelhante, quando inicialmente concebido, o pecado só pode ser conhecido dentro de nós mesmos.

Tiago, então, imagina esta gravidez sendo levada a termo, até que a criança nasça. E é um bebê feio, por assim dizer. O "bebê" é o pecado. Neste caso, o bebê é a escolha que fazemos de nos entregar ao mal que produz o pecado dentro de nós. Em algum momento, o pecado não mais poderá ser escondido. Agora, todos podem vê-lo.

O pecado é, então retratado como o bebê que cresce. O “bebê” torna-se um “adulto”; o pecado está consumado. E a consequência do crescimento do pecado é que ele produz a morte. A consequência do pecado na “fase adulta” é a morte/separação.

Esta é a genealogia do mal: o desejo (cobiça) gera o pecado e o pecado gera a morte. Mas, o que é o pecado e o que é a morte? Na epístola de Tiago, o pecado é a ação ou a motivação não consistente com a vontade de Deus, conforme mostrado nos seguintes versículos:

"Portanto, para quem sabe fazer o bem e não o faz, para este é pecado" (Tiago 4:17).

"Pedis e não recebeis, porque pedis erradamente, a fim de o dispenderdes em vossos deleites" (Tiago 4:3).

Morte significa separação. Assim, a morte pode envolver qualquer tipo de separação. Pode significar a destruição de um relacionamento como consequência de um adultério. Pode significar a perda do ministério como consequência de uma reputação manchada. Pode significar o desperdício da oportunidade de ser um bom mordomo. E pode envolver a morte física.

A progressão da ira de Deus contra o pecado retratada por Paulo em Romanos 1 e nvolve uma separação progressiva:

  1. Somos separados da fidelidade a Deus e começamos a andar na cobiça (Romanos 1:24).
  2. Se persistirmos, somos separados da liberdade e nos tornamos escravos da nossa cobiça (podemos chamar isso de vício) (Romanos 1:26).
  3. Se continuarmos a persistir, somos separados do raciocínio sólido e nossas mentes se tornam degradadas (Romanos 1:28).

É de se esperar que qualquer um desses caminhos nos separe das recompensas quando estivermos diante do julgamento de Cristo. Não corremos o risco de perder nosso relacionamento com Deus como Seus filhos. Podemos ser "salvos, ainda que por meio do fogo" (1 Coríntios 3:15). Ou seja, "entramos" mas sem a maior das recompensas que Deus deseja para nós.

O caminho do imprudente é um caminho mortal, como o livro de Provérbios deixa bem claro. Tiago tem isso em mente ao escrever: "Fazei-o saber que aquele que desviar um pecador do erro do seu caminho salvará sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados (Tiago 5:20). A palavra "alma" em Tiago 5:20 é a palavra grega "psique", traduzida como "vida" cinquenta porcento das vezes, referindo-se à essência de quem somos como pessoas. Como podemos ver em Romanos 1 que a escolha pelo pecado acaba nos levando à perda da melhor experiência da vida, ou seja, a nova criação que Deus nos fez para ser (2 Coríntios 5:17).

Tiago nos coloca diante de dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Escolher a vida significa escolher adotar a perspectiva de que todas as circunstâncias são provações e, portanto, oportunidades para crescermos em nossa fé e recebermos as maiores bênçãos de Deus. Escolher a morte significa escolher seguir aos nossos próprios desejos, buscando as recompensas dos prazeres do mundo. Isso nos leva à perda da grande oportunidade que nos foi dada, gerando muitas formas de morte (entre elas, o fim da possibilidade de nos tornarmos tudo o que Deus nos fez para ser). Esta escolha binária entre a vida e a morte era muito familiar para o público judeu; é uma ilustração comum nas Escrituras (Deuteronômio 30:15-18).

Este é um dos temas da carta de Tiago: os crentes em Jesus plantam e colhem recompensas espirituais de vida ou de morte. Isso torna as consequências da cobiça e do nascimento do pecado ainda mais mortais. Se enxergarmos a realidade, entenderemos que quando seguimos nossas próprias concupiscências trilhamos um um caminho de morte, o que faz com que a tentação perca muito de seu apelo. Em  Tiago 2:14, veremos a relação entre a fé e as obras de um crente. Tiago mostra sua preocupação com as recompensas espirituais e com a morte do crente no versículo que resume esta seção (Tiago 2:26).

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