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Significado de Efésios 1:3-6

Paulo explica como a Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo – trabalham conjuntamente para a salvação dos crentes. Deus, o Pai, escolheu os crentes antes da própria criação, separando-os com o propósito de serem irrepreensíveis em Seus caminhos. Jesus Cristo, o Filho, tornou possível essa adoção morrendo na cruz. Se formos fiéis em nosso testemunho, herdaremos grande recompensa, assim como Jesus herdou.

No capítulo 1, Paulo detalha como as três pessoas da Trindade desempenham Seus papéis nos vários momentos da nossa salvação (passado, presente e futuro). A Trindade é composta por Deus Pai, Deus Filho (Jesus Cristo) e Deus  Espírito Santo. Há um Deus em três pessoas. Paulo fala sobre três aspectos diferentes de como todas as pessoas da Trindade interagem em nossas vidas. O passado da nossa salvação foi a nossa justificação diante de Deus, ou seja, nossa justificação aos olhos de Deus por causa de Jesus Cristo. O presente da nossa salvação é o fato de o Espírito Santo estar agindo em nossas vidas diariamente para nos conformar à imagem de Jesus Cristo. Esse tempo presente da nossa salvação também é chamado de santificação (nosso amadurecimento espiritual como imitadores de Cristo em nossas vidas terrenas). O futuro da nossa salvação é sermos libertos da presença do pecado ao habitarmos na nova terra na qual a justiça habita.

O Pai nos escolheu, o Filho se sacrificou por nós e o Espírito Santo nos sela e vive em nós como garantia da nossa futura entrada na presença de Deus ao morrermos e passarmos para a próxima vida.

Paulo começa louvando e elevando a Deus Pai em primeiro lugar, enquanto explica Seu papel na vida dos crentes. Como Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai é o doador de todas as bênçãos espirituais. Ele nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais. No entanto, a bênção de Deus Pai sobre nós nos é dada em Cristo. É através de Jesus que alcançamos esses imensos tesouros.

Desde a eternidade passada, Deus Pai nos escolheu para sermos salvos em Cristo: “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação, do mundo para sermos santos e sem defeito perante ele”. Deus é soberano e todas as coisas são determinadas por Ele. Na medida em que progredirmos no livro de Efésios, veremos que Paulo exortará os crentes a fazerem boas escolhas. As Escrituras afirmam que cada pessoa deve escolher se deseja crer. Todos têm responsabilidade por suas escolhas. Para nós, isso é um paradoxo. Em sua carta aos romanos, Paulo afirma a soberania de Deus em Romanos 9:14-20; logo depois, ele exorta os crentes em Roma a fazerem boas escolhas, porque isso determinará quem eles se tornarão (Romanos 12:1-21) e suas recompensas na próxima vida (Romanos 14:12). Este paradoxo resolve-se através da fé. Conforme Paulo afirma:

Ó profundidade das riquezas, da sabedoria e da ciência de Deus! Quão inescrutáveis são os seus juízos, e quão impenetráveis os seus caminhos! Pois quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem se fez o seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído? (Romanos 11:33-35).

Podemos lidar com a tensão desse paradoxo ao confiarmos no Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Para mais detalhes, leia o artigo Fundamentos do Paradoxo, na aba Tópicos Difíceis).

Antes da criação, antes que o mundo tivesse lançados seus fundamentos, Deus nos escolheu. Deus está intrinsecamente envolvido em nossa salvação e restauração desde a eternidade passada. Porém, Deus nos escolheu para algo específico: “para sermos santos e sem defeito perante ele. Deus sabia que, apesar de criar a humanidade à Sua imagem e nos colocar no ambiente perfeito (o Jardim do Éden), ainda escolheríamos a rebelião e nos afastaríamos Dele (Gênesis 3:6). Precisaríamos, então, de redenção antes de sermos santos e irrepreensíveis.

Somos santos e irrepreensíveis aos olhos de Deus através da fé em Jesus (João 3:14-16). Quando cremos em Jesus, olhando para Seu sacrifício na cruz, nascemos de novo e recebemos o pagamento total pelo pecado, que foi pregado na cruz com Ele (Colossenses 2:14). Este é o modo de operação de Deus ao longo das Escrituras, conforme afira Paulo em sua carta aos romanos. Ele diz que Abraão creu em Deus e foi considerado justo, santo e irrepreensível aos olhos de Deus por causa de sua fé (Romanos 4:2, 3; Gênesis 15:6). Este é o tempo passado da nossa salvação do pecado.

Há também um tempo futuro. Por causa do amor de Deus por Sua criação, Ele “nos predestinou à adoção como filhos”. O primeiro passo nesse plano de adoção como filhos é que nos seja dada a graça da redenção por meio de Seu sangue, recebido pela fé — o tempo passado é o lugar inicial da nossa salvação (Efésios 2:8, 9). Através do dom gratuito de Jesus, nascemos de novo para um relacionamento de justiça com Deus; somos libertos da penalidade do pecado (João 3:14-16). Este é o novo nascimento. Porém, na cultura romana, a adoção significava dar a ele a responsabilidade de administrar os assuntos familiares. Isso exigia que o filho passasse por uma cerimônia de adoção, a fim de tornar-se “filho”. Por analogia, os crentes devem passar pelo processo de santificação (tempo presente) visando desenvolverem a capacidade de assumir as responsabilidades de um filho de Deus. Neste aspecto, nossa recompensa futura depende da nossa fidelidade atual (Colossenses 3:23).

Paulo provavelmnete esteja se referindo aqui à tradição da adoção com a qual o público romano estaria familiarizado, ou seja, uma cerimônia de amadurecimento. Havia duas etapas dessa tradição romana de adoção:

1) Ser reconhecido como "filho" aos 14 anos, com direito a voto;

2) Ser reconhecido como “filho maduro” aos 25 cinco anos, com direito a adquirir propriedades.

A analogia pode ser aplicada aos crentes desta maneira: 1) Todos os crentes têm o direito de "votar" ao nascerem de novo na família de Deus. Isso ocorre porque eles são libertos para escolher seguir ao pecado/carne ou à justiça/Espírito (Romanos 6:16-19; Gálatas 5:16); 2) Somente os crentes que sofrem com Cristo terão a recompensa dos "direitos de propriedade" no mundo vindouro, alcançando a recompensa de receberem uma herança em Seu Reino (Colossenses 3:23; Romanos 8:17b; 2 Timóteo 2:12; Apocalipse 3:21).

Isso difere da típica cultura americana de se pensar sobre a adoção, frequentemente relacionada ao momento em que uma criança é legalmente recebida em uma nova família. Porém, isso é mais consistente com a antiga tradição dos reis que adotavam servos leais em sua família real como recompensa por seu serviço fiel. Essa forma de adoção como recompensa é descrita em Hebreus 1, onde vemos uma elaborada descrição de Jesus sendo adotado como "Filho" sobre toda a humanidade, amplamente citada dos Salmos. Jesus claramente já era Filho de Deus desde a eternidade passada; assim, este não foi o início de Seu relacionamento com o Pai. Em vez disso, aquela cerimônia foi a coroação de Jesus como Rei, um Filho sobre toda a criação como uma recompensa por Seu serviço fiel ao Pai (Mateus 28:18; Apocalipse 3:21; Filipenses 2:5-11). É neste sentido que Deus acrescenta a adoção de filhos à lista de bênçãos que alcançamos por meio de Jesus Cristo.

O projeto original de Deus para os seres humanos era o de serem mordomos de toda a criação (Gênesis 2:15; Salmo 8). Porém, quando os seres humanos originais caíram, Satanás usurpou seu lugar (João 12:31; 16:11). Jesus restaurou a humanidade ao seu devido lugar, com autoridade sobre a terra. Agora, Jesus tem autoridade sobre todas as coisas (Mateus 28:18). Por meio de Jesus, a humanidade pode ser restaurada ao seu propósito original de governar a criação em harmonia com Deus por meio da adoção como filhos, concedendo-lhes toda autoridade para reinar sobre a criação. É provavelmente por isso que nossa adoção como “filhos” é realizada através de Jesus Cristo. Quando nos unimos a Jesus para reinar, unimo-nos a Ele para cumprir Seu propósito de reinar sobre todas as coisas. Paulo descreverá mais tarde nesta carta a expressão “consigo mesmo” na misteriosa forma do casamento (Efésios 5:32).

Foi através do verdadeiro Filho de Deus, Jesus Cristo, que essa adoção se tornou possível. Jesus criou o caminho para que os seres humanos fossem restaurados a seu propósito original (ver comentários sobre Hebreus 2:5-13 e Salmo 8). Mais uma vez, Paulo atribui isso ao amor de Deus por nós,conforme o beneplácito da sua vontade”. O propósito original de Deus para os seres humanos foi frustrado pelo pecado; mas, agora, Deus, por meio de Jesus Cristo, forneceu o caminho para que os seres humanos fossem restaurados a seu propósito original. Isso requer que seu relacionamento com Deus seja restaurado (nascer de novo). Isso se aplica a todos os que crêem (João 3:14-16). Ser totalmente restaurados requer nossa adoção como filhos, unindo-nos a Jesus para reinar sobre a terra. Isso se aplica aos que vencerem como Jesus venceu; estes receberão essa grande recompensa (Apocalipse 3:21).

Deus não precisava salvar a humanidade, uma raça que continua a rejeitá-Lo. Ele teria sido plenamente justificado se deixasse a humanidade em ruínas. No entanto, Ele forneceu um meio para que os seres humanos fossem totalmente restaurados. Ele fez isso por amor e bondade para com a humanidade. O resultado dessa adoção como filhos, ou seja, o meio de redenção da humanidade a seu propósito original, é para “o louvor da glória da Sua graça”. “Graça” significa “favor”. Deus jamais pode ser obrigado a disponibilizar Seu favor. Deus dá graça aos seres humanos por causa de Seu amor por eles (João 3:15). A palavra “glória” refere-se à essência de alguém ou de algo que é claramente observado (1 Coríntios 15:40, 41). O fato de Deus amar tanto o mundo a ponto de enviar Seu filho para redimir o mundo demonstra a incrível glória de Deus, Sua essência como Criador amoroso. A restauração dos seres humanos é, por si só, um meio de louvor a esse aspecto surpreendente de Seu caráter.

O fato de que Deus ter livremente escolhido restaurar os seres humanos através do grande sacrifício de Jesus demonstra a qualquer observador o amor e a bondade que Ele tem para com a humanidade. Qualquer observador que olhe para essa intenção benevolente de Deus deve louvar a incrível realidade do Seu amor, bondade e graça para conosco.

Deus também nos concedeu essa incrível graça (ou favor) de nos tornarmos santos e irrepreensíveis aos Seus olhos no Amado gratuitamente. Fomos destinados à adoção de filhos para podermos ser restaurados plenamente ao nosso propósito original. O “Amado” aqui se refere a Jesus Cristo, o Deus Filho (Mateus 3:17). É o favor de Deus sobre nós que nos permite ter a incrível oportunidade de nascermos em Sua família e escolhermos ser testemunhas fiéis, alcançando a grande recompensa de reinar com Ele como filhos.

Quando caminhamos como testemunhas fiéis, temos o incrível privilégio de observarmos o nome do nosso Senhor Jesus sendo glorificado em nós. O termo “glória” é traduzido da palavra grega "doxa", significando caráter ou essência de alguém ou algo observado (1 Coríntios 15:40, 41). Assim, ao nos adotar, a glória da graça de Deus fica evidente. A natureza de Seu favor, amor e bondade pode ser claramente vista. Este favor nos é concedido gratuitamente, sem preço ou exigência no Amado, o Filho de Deus, que deu Sua vida para que tal adoção fosse possível.

A mensagem simples do Evangelho é que somos aceitos na família de Deus pela fé de olharmos para Jesus, esperando ser libertos do veneno mortal do pecado (João 3:14, 15). É um dom concedido gratuitamente aos que crêem em Sua verdade. Essa aceitação é incondicional. Agora, como membros de Sua família, temos a oportunidade de aceitar a responsabilidade de servir uns aos outros em amor e vencer a tentação da carne. Ao fazermos isso, alcançamos a imensa recompensa de sermos adotados como filhos, assim como Jesus foi recompensado (Apocalipse 3:21).

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