Significado de Mateus 18:18-20

O relato paralelo do Evangelho quanto a este ensinamento é encontrado em Mateus 16:19.

Jesus ensinou a Seus discípulos a serem grandes. Ensinou-os a servir e a considerar os pequeninos. Ele ensinou-lhes como restaurar outros herdeiros do Reino que estavam tropeçando no pecado. Ao fazer essas coisas, Jesus capacitou a Seus discípulos com tremenda autoridade para servir em Seu Reino. Agora, Ele estava prestes a equipá-los com as chaves para o Seu Reino e para as bênçãos do céu.

Jesus frequentemente prometeu e concedeu autoridade do Reino a Seus discípulos enquanto trabalhavam para anunciar os princípios do Reino na terra (Mateus 5:3; 13:11-12; 16:19; 21:21-22; 28:18-20).

Jesus começou apelando às Sua autoridade divina e messiânica pessoal para apoiar o que estava prestes a dizer. Ele usou a expressão Verdadeiramente vos digo para mostrar aos discípulos que o que Ele estava prestes a declarar vinha de Sua própria autoridade e não era baseado no que qualquer rabino ou escriba já havia dito.

Jesus equipou Seus discípulos para realizar a obra do Reino com diversas habilidades: Tudo o que ligares na terra terá sido ligado no céu; e tudo o que desligares na terra terá sido desligado no céu.

Essa ferramenta concedida a todos os Seus discípulos foi exatamente o que Jesus disse a Pedro ao se referir às chaves do Reino dos Céus.

"Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que desligares na terra terá sido desligado no céu." (Mateus 16:19)

A promessa era a explicação do que Pedro, e agora todos os discípulos, poderiam fazer com aquelas chaves. Em essência, Jesus estava dando as chaves do Reino, ou a autoridade do Reino, a todos os Seus discípulos. Todos os discípulos de Jesus têm o mesmo tipo de autoridade dada a Pedro por Deus. A autoridade que Jesus deu a Pedro em Mateus 16:9 não se limitou apenas ao discípulo. Jesus capacitou a todos os Seus discípulos com autoridade semelhante. Ele espera que todos eles usem bem sua autoridade e habilidades (Mateus 28:18-20).

As chaves fecham e abrem coisas. Outra maneira de dizer isso é que as chaves ligam e desligam. Dentro deste contexto, ligar algo significa trancá-lo em lugar seguro; e desligar algo significa soltá-lo do lugar seguro para uso.

A primeira habilidade que Jesus explicou a Seus discípulos foi que tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado no céu.

Os discípulos podiam ligar, amarrar ou trancar coisas na terrpara e redimi-las no Reino dos Céus. Em outras palavras, o tempo, os recursos, as ações que os discípulos ligam (amarram) e dedicam a Deus nesta vida na terra terão sido amarradas e asseguradas no Reino dos Céus. Isso significa que qualquer coisas que os discípulos façam pelo Reino na terra será uma parte de sua recompensa no céu, como Jesus ensinou a Seus discípulos no Sermão da Montanha (Mateus 6:1-4; 6:5-7, 6:16-18):

"Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões invadem e roubam. Mas guardai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem, e onde os ladrões não invadem nem roubam; porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." (Mateus 6:19-21).

Mas, ao mesmo tempo, quaisquer coisas que os discípulos liguem na terra, Deus redimirá como bênção no Reino Celestial, para que os discípulos semeiem e colham suas recompensas (2 Coríntios 9:8-15). Quando obedecemos a Deus e seguimos o exemplo de Cristo de servir aos outros, Deus usa nosso comportamento e ações para enriquecer Seu Reino. Jesus está lembrando a Seus discípulos de que lhes será concedida a autoridade do Reino. E, com ele, o incrível chamado e responsabilidade de viver na terra de tal forma que isso reverbere por toda a eternidade.

A segunda habilidade que Jesus deu a Seus discípulos foi que tudo o que desligardes na terra terá sido desligado no céu. Assim como as chaves podem “ligar” (trancar) as coisas em lugar seguro, elas também podem ser usadas para desbloquear coisas para uso agora. Jesus estava lembrando aos discípulos que eles poderiam usar as chaves do Reino para acessar os abundantes armazéns celestiais. Eles poderiam fazer uso dos bens do céu na terra. O céu irá prover quaisquer necessidades do Reino que os discípulos tiverem na terra.

Considere o que Jesus ensinou a Seus discípulos no Sermão da Montanha:

"Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e achareis; bata, e ele será aberto para você. Pois todo aquele que pede recebe, e aquele que procura encontra, e para aquele que bate será aberto. Ou que homem há entre vós que, quando o seu filho pede um pão, lhe dará uma pedra? Ou se ele pedir um peixe, ele não lhe dará uma cobra, não é? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará o que é bom àqueles que Lhe pedem!" (Mateus 7:7-11)

Ao fazer essas promessas aos discípulos, Jesus estava dizendo que eles teriam acesso a tudo o que precisassem do céu para realizarem a vontade de Deus na terra. E que seus atos de amor e serviço na terra teriam significado eterno no céu.

Jesus novamente se baseou em Sua autoridade messiânica e divina para elaborar sobre o que acabara de dizer a Seus discípulos: Mais uma vez Eu digo a vocês. Ele, então, lhes diz: Se dois de vós concordarem na terra a respeito de qualquer coisa que pedirem, será feito por Meu Pai que está nos céus.

Esta é uma promessa maravilhosa!

Se dois discípulos concordarem sobre qualquer coisa, isto é, se estiverem unidos no Espírito sobre o que precisam fazer na terra para cumprir fielmente a tarefa do Reino que Deus lhes designou, eles podem pedir a Deus. Jesus diz que se concordarem e pedirem por estas coisas, será feito pelo Pai que está nos céus. Deus, o Pai de Jesus no Céu, verá atenderá à petição dos que estejam de acordo.

O Pai está ansioso em dar boas dádivas a Seus filhos (Mateus 7:7-11; Tiago 1:17). Ele supre tudo do que precisam para realizar o que Ele espera que façam (Mateus 25:14-30). Como um bom Pai, Deus os equipa com as coisas de que precisam para cumprir a missão (Mateus 10:19-20;  João 14:16-17; Atos 1:8; 2 Timóteo 2:15) e andar nas obras que Ele preparou (Efésios 2:10).

Jesus continuou a explicar essa promessa: Pois onde dois ou três se reunirem em Meu nome, Eu estou lá no meio deles. Embora cada indivíduo tenha sua própria cruz para carregar e seja pessoalmente responsável por sua fidelidade, a vida no Reino raramente consiste apenas de assuntos privados ou missões solo. Espera-se que todo crente permaneça em constante comunhão com Jesus em todos os momentos (1 João 1:5-9). Mas, além de andar pela fé no Espírito, devemos também andar em comunhão uns com os outros. Devemos estar unidos em Cristo com outros crentes (Efésios 4:1-3); usar nossos dons para servir uns aos outros (Romanos 12:3-8;  1 Coríntios 12; Efésios 4:11-13); e encorajar e estimular uns aos outros ao amor e às boas ações (Hebreus 10:24-25).

Jesus promete estar com Seus seguidores onde quer que dois ou três deles se reúnam em Seu Nome. Reunir-se em Seu nome significa adorar a Deus, buscar ou realizar Sua vontade junto com outros crentes. Jesus não promete estar com os crentes quando eles se reúnem para outro propósito. Deus tem que ser a razão pela qual eles se reúnem para que essa promessa se aplique. Uma vez que esses dois ou três irmãos estejam reunidos em Seu Nome, isso significa que eles estão buscando as coisas pertinentes ao Seu Reino. Deus, então, promete operar através de Seu povo, para realizar Sua vontade. O que acontece na terra, portanto, estará em total sincronia com tudo o que acontece no céu.

A palavra traduzida como Reunidos tem a raiz grega "sunago", da qual obtemos a palavra sinagoga. E, de fato, quando vemos a palavra "sinagoga" nas Escrituras, esta é uma tradução da palavra grega "sinagoga". Assim como a palavra "igreja", “sunago” refere-se a uma reunião de pessoas chamadas. Nesse sentido, qualquer reunião de dois ou mais crentes é a "igreja", sempre estejam reunidos em unidade.

Deus está sempre conosco, em nosso meio, mesmo quando estamos sozinhos (Salmo 139:7). Mas, esta promessa relacionada à nossa reunião é uma bênção extra à qual os seguidores de Jesus podem acessar. A presença de Deus é mais tangível quando estamos unidos com outros crentes em nome de Jesus. Talvez Jesus tenha feito essa promessa como uma forma de prefigurar a vinda e a habitação do Espírito Santo dentro de cada crente (João 16:5-13; Atos 1:8, 2:1-4; Atos 15:8; 1 Coríntios 6:19). Cada crente carrega a presença de Deus em si, onde quer que vá.

Como seguidores de Jesus, o Messias, Seus discípulos receberam a promessa da presença e do poder de Deus onde quer que vão.