Add a bookmarkAdd and edit notesShare this commentary

Significado de Deuteronômio 28:7-14

Moisés continua com a série de bênçãos. Ele agora diz a Israel que o Deus Soberano derrotaria a seus inimigos, estabeleceria a Israel como um povo santo para Si mesmo e lhes daria uma posição de liderança sobre todos os povos da terra, desde que obedecessem aos termos da aliança.

As bênçãos/bem-aventuranças resumidas nos versículos 3-6 agora são detalhadas com maior precisão. Essas bênçãos seriam proclamadas pelas seis tribos que estavam de pé no Monte Gerizim, uma vez que Israel tivesse entrado na terra e conquistado Canaã (Deuteronômio 27:12). Moisés, aqui, continua o roteiro da cerimônia, como parte de suas instruções a Israel logo antes de entrarem na terra (Deuteronômio 27:1-13).

Esta seção deixa claro que o Deus Susserano (Governante), o SENHOR, era a fonte de todas as bênçãos. Isso é apresentado por meio de seis declarações do tipo "o SENHOR fará" que descrevem o que o SENHOR faria para garantir as bênçãos. A parte de Israel era obedecer aos mandamentos da aliança. O SENHOR promete fornecer as bênçãos por sua obediência.

A primeira declaração afirmava: O SENHOR fará com que caiam diante de ti os teus inimigos que se levantarem contra ti (v. 7). Os israelitas sempre seriam vitoriosos nas batalhas porque o SENHOR lutaria por eles. O inimigo poderia vir contra eles de uma só direção, implicando um ataque organizado por um grupo disciplinado de soldados com a intenção de conquistar Israel. Porém, porque o SENHOR lutava por Israel, eles fugiriam diante deles em sete direções, implicando uma retirada desorganizada e caótica. Isso aconteceu no livro de 1 Samuel, quando Saul e o exército de Israel derrotaram aos amonitas (1 Samuel 11:11).

Relacionado à quarta benção, no v.5, a segunda declaração afirmava: O SENHOR mandará que a bênção esteja contigo nos teus celeiros e em todas as coisas a que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que Jeová, teu Deus, te está dando. (v. 8). O fato de os celeiros (uma construção na fazenda usada para armazenar grãos e outras colheitas) serem abençoados significava que os israelitas seriam prósperos na produção agrícola na Terra Prometida. Na verdade, eles seriam bem-sucedidos em todas as suas empreitadas, pois Deus prometia abençoar a todas as coisas a que puseres a tua mão.

Deus também enfatiza que aquela era uma terra que o seu Deus lhes deu, o que significava que Deus havia concedido a terra a eles. Deus havia concedido a terra a Abraão e seus descendentes como recompensa pela obediência de Abraão em deixar Ur e sua família e sair rumo a Canaã (Gênesis 13:14-16, 15:7). Agora cabia a geração atual entrar e possuir o que Deus havia dado.

O enchimento de seus celeiros com grãos era resultado do povo viver em completa obediência ao Deus Susserano (Governante). Isso ecoa a declaração de Deus no livro de Levítico, onde o SENHOR diz a Seu povo que se eles observassem cuidadosamente as estipulações de Sua aliança, Ele ordenaria Sua bênção para eles no sexto ano e ele produziria colheitas para três anos (Levítico 25:21). Isso foi preparado para que eles obedecessem ao mandamento de deixar a terra em repouso por um ano a cada sete anos. Se eles obedecessem, Deus garantiria que tivessem produção abundante para evitar a fome, enquanto permitia que a terra descansasse.

A terceira declaração envolvia a relação especial dos israelitas com o Deus Susserano e sua posição especial na terra. O SENHOR Susserano diz: TO Senhor te estabelecerá como um povo santo, como te prometeu (v. 9). A eleição de Israel por Deus era resultado direto de Seu juramento primeiramente a Abraão (Gênesis 12:1-3; 13:15-16). Deus deixa claro que havia escolhido a Israel por causa de Seu amor por seus antepassados (Deuteronômio 4:37, 7:7-8).

Como um povo que pertencia a Deus, os israelitas deveriam ser separados e dedicados ao serviço de Deus. Eles deveriam ser um povo santo para Ele. Ser santo significa ser separado para um propósito especial. Deus pretendia que Israel demonstrasse ao mundo a superioridade da escolha de viver sob Sua lei, confiando que Seus caminhos são para o nosso bem, e no amor ao nosso próximo como amamos a nós mesmos. Ao fazer isso, a nação seria uma nação de sacerdotes (Êxodo 19:6).

Os israelitas desfrutariam o privilégio de ser a possessão especial de Deus somente se eles guardassem os mandamentos do Senhor, seu Deus, e andassem em Seus caminhos (Êxodo 19:4-6). Assim como as outras bênçãos apresentadas neste roteiro para a cerimônia, a fim de lembrar ao povo das disposições da aliança de Deus com Yahweh, esta bênção seria uma recompensa pela obediência. O povo havia concordado em guardar a aliança (Deuteronômio 26:17). Essa cerimônia os lembraria das consequências da obediência ou desobediência.

Devido à posição de Israel como o povo escolhido do Senhor, todos os povos da terra veriam que os israelitas eram chamados pelo nome do Senhor (v. 10). Por serem únicos, um "reino de sacerdotes", os povos da terra teriam medo deles e, portanto, não se oporiam a eles de forma alguma. Israel desfrutaria da proteção de Deus. Seu status elevado aos olhos de outras nações tinha como objetivo ser um testemunho para eles, para que também pudessem conhecer a Deus (2 Reis 5:1-19).

A quarta declaração afirmava: O Senhor fará com que prospereis abundantemente (v. 11). Fazer alguém prosperar abundantemente significa conceder a essa pessoa uma prosperidade material abundante. O Deus Susserano (Governante) promete dar a Israel abundância em tudo, inclusive na prole de seus corpos, na prole de seus animais e na produção de sua terra. Os israelitas teriam abundância de filhos e seu gado, bem como os animais jovens do seu rebanho, aumentariam exponencialmente na Terra Prometida, a terra que o Senhor jurou aos seus pais dar a eles. Eles também teriam comida em abundância a partir do cultivo de suas colheitas agrícolas, a produção da terra.

Na quinta declaração, o Senhor Susserano abrirá para Israel o Seu bom celeiro, os céus, para dar chuva à sua terra no tempo certo e abençoar todo o trabalho de suas mãos (v. 12). Os cananeus adoravam a Baal, o deus da tempestade, e usavam diversos rituais para convencer Baal a enviar chuva sobre suas colheitas.

No entanto, era o próprio Senhor quem controlava o Seu bom celeiro (não Baal), uma referência aos céus (o firmamento). Ele abriria o Seu celeiro nos céus, o lugar onde a chuva é armazenada. Abrir os céus traria chuva para a terra de Israel, permitindo que ela produzisse colheitas em abundância. Essa abundância permitiria a Israel emprestar a muitas nações, e eles não teriam necessidade de emprestar (Deuteronômio 15:5).

Muitas das bênçãos resultantes da obediência à lei do pacto de Deus seriam causas e efeitos naturais; uma sociedade baseada no amor ao próximo naturalmente prosperaria muito mais do que uma sociedade exploradora. Mas, nesse caso, Deus promete intervenção sobrenatural nos padrões climáticos para acrescentar bênçãos a essas consequências naturais, caso Israel obedecesse a Seus mandamentos.

A sexta declaração proclamava: O Senhor fará de Israel a cabeça e não a cauda (v. 13), uma imagem que retratava Israel como estando no controle entre as nações (a cabeça), em vez de ser controlado pelas nações (a cauda). Isso significa que a nação israelita ocuparia uma posição de autoridade entre as nações em Canaã, assim como nas outras nações ao seu redor. Eles governariam sobre os outros e não seriam governados. Isso também estava condicionado à obediência em cumprirem sua parte na aliança.

O SENHOR elevaria Israel acima de todas as outras nações, para que estivessem sempre acima e não abaixo. Nunca haveria um momento em que um Israel obediente se submeteria a outras nações - eles se submeteriam apenas a seu Soberano, o SENHOR. Isso ocofrreria apenas se Israel obedecesse à aliança, como haviam prometido fazer (Deuteronômio 26:17).

Como visto nos versículos anteriores, havia uma condição para receberem essa bênção - Israel deveria obedecer aos termos da aliança. Todas essas bênçãos viriam sobre Israel se eles ouvissem (hebraico, "shāma'", "ouvir") aos mandamentos do SENHOR, referindo-se à Lei apresentada em Deuteronômio 5-26. Assim que ouvissem aos mandamentos, sobre os quais Moisés diz: Hoje eu lhes ordeno, eles deveriam observá-los cuidadosamente. A expressão "observar cuidadosamente" pode ser traduzida literalmente do hebraico como "observar e fazer". Israel deveria ter o cuidado de ouvir a palavra de Deus, estudar seus caminhos, mas também fazer o que Deus ordenava. Eles deveriam tanto entender quanto realizar.

Isso é semelhante à proposta feita aos crentes do Novo Testamento mencionada em Apocalipse. Uma grande bênção é prometida a qualquer crente em Jesus que lê, entende e faz o que Deus instrui.

Bem-aventurado o que lê, e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas, pois o tempo está próximo” (Apocalipse 1:3).

A advertência em Apocalipse traz um paralelo direto com as bênçãos estabelecidas para Israel em Deuteronômio. Jesus instrui aos crentes do Novo Testamento a superar o mundo, juntamente com sua rejeição, assim como Ele superou, prometendo a grande bênção de reinar com Ele em Seu reino a todos os que assim procederem (Apocalipse 3:21). O livro de Apocalipse promete grandes bênçãos aos que são testemunhas fiéis e não temem a perda, a rejeição ou a morte.

Para enfatizar a importância da completa obediência às leis da aliança, Moisés adverte o povo a não se desviarem de nenhuma das palavras que ele lhes ordenou hoje (v. 14), nem para a direita, nem para a esquerda. A expressão "não se desviarem para a direita ou para a esquerda" é usada também em Deuteronômio 5:32 e em muitos outros lugares. É uma forma ilustrativa de dizer aos israelitas para não hesitarem em outros caminhos, mas seguirem ao caminho reto de maneira firme. Eles deveriam adorar ao SENHOR e cumprir sua parte na aliança. Caso o fizessem, eles poderiam contar que Deus cumpriria Sua parte no acordo.

Este caminho reto permitiria a Israel servir a Deus de todo o coração e os impediria de seguir outros deuses para servi-los. Servir e adorar a outros deuses é essencialmente desobediência. Os israelitas foram advertidos várias vezes no livro de Deuteronômio para não fazerem isso (Deuteronômio 5:7, 6:14, 7:4, 8:19, 11:16, 13:2) e serão advertidos muitas outras vezes no futuro (por exemplo, Deuteronômio 28:36, 64; 30:17).

É importante lembrar que todas essas disposições da aliança eram uma questão de consequências para escolhas feitas. Nada disso afetaria a escolha de Deus por Israel como Seu povo. Ele havia escolhido a Israel para ser Seu povo com base em Seu amor por eles (Deuteronômio 4:37, 7:7-8). O amor de Deus não é condicional, pois Seus dons são irrevogáveis (Romanos 11:29). Porém, Suas bênçãos são baseadas nas consequências de nossas escolhas. Esses princípios também são verdadeiros para os crentes do Novo Testamento.

Select Language
AaSelect font sizeDark ModeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.